segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pilar: Políticos e empresários estariam envolvidos na morte de Policial



O trabalho de investigação sobre o crime organizado e o tráfico de drogas pode ter sido o motivo do assassinato do cabo da Polícia Militar de Alagoas Paulo Sérgio dos Santos Oliveira, morto a tiros na madrugada do dia 04/junho/2012 numa emboscada no posto de combustíveis onde trabalhava como segurança, em Chã do Pilar, região metropolitana de Maceió. A vítima teria descoberto o envolvimento de policiais, políticos e empresários da região no mundo do crime.
Paulo Sérgio era policial há 20 anos e lotado na 4ª Companhia Independente de Atalaia, mas há oito meses não usava a farda. Ele havia sido promovido para o departamento de inteligência da corporação e se dedicava exclusivamente à investigação do crime organizado em Pilar. Desde então, o militar vinha sendo alvo de diversas ameaças de morte e por isso a família, que agora com medo vive em São Paulo, acredita que o crime tenha sido uma queima de arquivo.
A denúncia sobre o motivo do homicídio, formalizada por um dos irmãos da vítima, José Carlos dos Santos Oliveira, foi encaminhada ao Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), do Ministério Público, e à Ouvidoria-Geral do Ministério da Justiça, que se comprometeram em dar celeridade nas investigações. No documento, os parentes citam nomes de supostos envolvidos no assassinato.
“Meu irmão tinha contato direto com a Força Nacional e com o trabalho de investigação descobria pontos de tráfico, aonde a polícia ia em seguida fazer as apreensões. Isso começou a pesar contra ele, porque as pessoas queriam matá-lo. Eu pedi para ele deixar essa função, mas ele não queria e dizia que tinha nomes de políticos, empresários e até policiais que participavam do mundo do crime organizado e tenho a certeza de que foi por este motivo que mandaram executar meu irmão”, desabafou José Carlos.
Por conta das novas funções dentro da corporação, Paulo Sérgio precisou adotar algumas medidas de segurança em sua residência, dentre elas a blindagem.
Troca de plantão e a morte
Um dos fatos que causa estranheza para o irmão é que Paulo Sérgio não deveria estar trabalhando naquele dia. Segundo ele, o militar recebeu uma ligação de outro policial (que também fazia bico como segurança no posto) pedindo que fosse para o serviço em seu lugar. O cabo foi trabalhar por volta das 19h e por volta de 1h da madrugada recebeu um telefonema.
“Segundo minha cunhada, esse policial ligou para meu irmão que irmão estava deitado e tinha o costume de tirar o colete a prova de bala e os pentes da pistola (uma glock .40). Quando os assassinos chegaram, pediram água para o radiador do carro e foi neste momento que meu irmão foi atingido por disparos efetuados por um dos criminosos”, afirma José Carlos.
Toda a sistemática do crime pode ser constatada pelas imagens de seis câmeras de segurança instaladas no posto de combustíveis e que já estão em posse da Polícia Civil. No vídeo é possível ver a dupla chegando ao local e, segundo uma análise do parente, Paulo Sérgio os parece os reconhecê-los. Sem iluminação, o policial utiliza sua pistola que possui uma lanterna acoplada e inesperadamente é atingido pelos disparos efetuados por um dos assassinos.
A vítima ainda consegue atirar contra a dupla que foge. Um deles é atingido e Paulo Sérgio ferido fica caído no chão. Instantes depois, uma viatura da polícia chega ao local, mas é tarde e a vítima já está em óbito. Até o momento, ninguém foi preso e as investigações sobre o crime prosseguem na delegacia do Pilar.
Falhas na perícia e desconfiança da mulher do militar
No dia do assassinado, apenas a pistola da vítima foi recolhida por peritos, o que a família considera uma falha. Os dois aparelhos celulares de Paulo Sérgio não foram apreendidos para quebra de sigilo telefônico e seguem com a esposa do militar assassinado, identificada como Flaviana Acioli Oliveira. Mas o foco da família seria outro equipamento, que pode ser a chave para a solução do crime.
“Um computador que era utilizado para trabalho pelo meu irmão deveria ter sido recolhido pela polícia, isto porque nele constavam diversas fotos e dados de bandidos de alta periculosidade e pessoas que eram alvo de investigação. O equipamento estava na casa dele e minha cunhada apagou todas as informações que estavam nele. O computador deveria ter sido apreendido pela perícia, mas isso não aconteceu”, relata José Carlos.
Para a família, Flaviana Acioli deve ser investigada. Isto porque, parentes do militar afirmam que ele o traía e que ambos não mantinham um bom relacionamento matrimonial. “Ele me contou que já não viviam bem. Visitei meu irmão em abril deste ano e escutei ela dizer que ‘em junho se livrava dele’. Não sei o que quis dizer com isso, mas tenho certeza que ela sabia o que estava para acontecer com ele”, denunciou o parente, afirmando que a cunhada tem depoimento agendado com Gecoc.
Família ameaçada no enterro volta para São Paulo
A despedida do irmão assassinado traz outros traumas aos parentes. Vindos de São Paulo, local onde residem há algum tempo devido à onda de violência em Alagoas, para o enterro, os familiares não puderam ficar muito tempo na sua terra natal, Pilar. Isto porque, ao desembarcarem no município foram ameaçados e praticamente ‘expulsos’.
“No dia do enterro, esse policial que também trabalhava como segurança no posto chegou para nós disse que já havia alertado meu irmão que o trabalho que vinha realizando era muito perigoso, que estava mexendo com gente poderosa e com isso arrumaria muitos inimigos. E foi isso que aconteceu. Fomos embora de Alagoas e não voltaremos mais nunca”, disse.
O medo agora é que o pai da vítima seja alvo da quadrilha de criminosos que age no Pilar. Ele ainda reside no município.
Nota de esclarecimento do IC

A Direção do Instituto de Criminalística em relação à matéria publicada na manhã de hoje, 18, no portal de conteúdo noticioso Cadaminuto, intitulada “Policial morto no Pilar investigava políticos e empresários, diz parente”, precisamente no intertítulo: “Falhas na perícia e desconfiança da mulher do militar”, esclarece que:
Diferentemente do que afirmou a família na frase: “Os dois aparelhos celulares de Paulo Sérgio não foram apreendidos para quebra de sigilo telefônico”, a apreensão e encaminhamento de aparelhos telefônicos celulares para serem periciados competem à autoridade policial, que os envia ao Instituto de Criminalística juntamente com a autorização judicial para quebra de sigilo telefônico e posterior exame pericial.
Que em relação à afirmação do irmão da vítima José Carlos, o qual relata na entrevista que “O computador deveria ter sido apreendido pela perícia, mas isso não aconteceu”, esclarecemos que a equipe do Instituto de Criminalística realizou a pericia no local do crime e que objetos que não estão com a vítima nesse local devem também ser encaminhados para a perícia pela autoridade policial juntamente com a autorização para a quebra de sigilo de dados. Pois como, o próprio irmão afirmou na entrevista, o computador não se encontrava na cena do crime, e sim na residência da vítima.
Por fim, esclarecemos que não houve falha na perícia de local de crime e que a atual direção do Instituto de Criminalística, trabalha buscando sempre o melhor desempenho de suas equipes na prestação de serviços realizados a sociedade Alagoana.

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