segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nova CPI: Fernado Collor investigará partidos acusados de roubo de milhões de reais

Senador Fernando Collor (PTB-AL)

Parece piada mas não é, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) acaba de ser escalado como um dos membros da CPI criada e instalada no Congresso Nacional para apurar as ligações de políticos com o banqueiro do jogo-do-bicho Carlinhos Cachoeira.

A roda-gigante andou porque, há exatos 20 anos, o mesmo Fernando Collor, então presidente da República, era dinamitado por outra CPI, criada para investigar o envolvimento do empresário alagoano Paulo César Farias Cavalcanti, o PC Farias (seu amigo pessoal e tesoureiro de campanha), com o governo federal.

A CPI abriu caminho para a instauração de um processo de impeachment que acabaria por derrubar Fernando Collor da Presidência. À frente de tudo, comandando as ações contra Collor, os grandes partidos políticos PMDB, DEM, PSDB e, especialmente, o PT que perdera a disputa presidencial com a derrota de Lula para Collor.

Agora, por ironia do destino e da roda-gigante, Collor se encontra do outro lado e lhe caberá julgar, dentre muitos outros, três personagens de destaque da política nacional, cujos partidos conspiraram juntos para destituí-lo do poder em 1992.

Como uma andorinha só, que não faz verão, Collor não decidirá nada sozinho na nova CPI, mas suas posições e suas opiniões ressoarão na mídia nacional com grande repercussão, sobretudo que ele se referir aos seguintes personagens, principais alvos de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito:

Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), senador

Demóstenes foi o primeiro nome a surgir depois da prisão de Cachoeira. As investigações mostram uma íntima ligação entre o bicheiro e o senador, e seus indícios apontam para a hipótese de Demóstenes ter atuado mesmo como uma espécie de lobista do bicheiro e de seus interesses no Congresso. As investigações incialmente mostraram que havia uma intensa troca de telefonemas entre Demóstenes e Cachoeira. Depois, descobriu-se que Cachoeira comprara em Miami rádios-telefones do tipo Nextel para falar com Demóstenes com risco menor de ser grampeado. Nas conversas, Demóstenes é tratado por Cachoeira como “doutor”, e trata o bicheiro pelo apelido de “professor”.

Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás

A chefe de gabinete do governador de Goiás foi demitida depois de flagrada vazando informações de investigações da Polícia Federal ao prefeito de Águas Lindas (GO). Grampos telefônicos mostram que Cachoeira conseguia nomear apadrinhados políticos no governo de Perillo. O governador diz que só conversou com o bicheiro para falar de assuntos da indústria farmacêutica. A Delta tem contrato de locação de veículos no estado.

Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal

Escutas telefônicas mostram interlocutores dizendo que Agnelo pediu um encontro com Cachoeira. Os grampos ainda revelam a tentativa do grupo de emplacar apadrinhados no Governo do Distrito Federal, que mantém contratos com a Delta na área de coleta de lixo. Diálogos sugerem que o grupo de Cachoeira pagou a servidores do governo de Brasília para que a Delta recebesse pelos serviços prestados. Também há indícios de que o governo do Distrito Federal acessou dados sigilosos de adversários. Da Casa Militar do GDF, por exemplo, policiais acessaram dados do deputado Francisco Francischini (PSDB-PR), logo depois de ele fazer um pedido de prisão do governador Agnelo Queiroz.

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