segunda-feira, 28 de novembro de 2011

MCCE acredita em blecaute provocado para “tirar Fantástico” do ar em quatro cidades

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) vai entrar com uma representação contra as administrações municiais de Limoeiro de Anadia (prefeito James Marlan) e Lagoa da Canoa (Jair Soares Lira) por supostamente estarem envolvidos na interrupção do fornecimento de energia elétrica das duas cidades. O objetivo seria impedir que a população assistisse ao programa da Rede Globo, Fantástico.

Na edição da revista eletrônica – no dia de ontem, 27 – se mostrou matéria jornalística na qual as administrações eram alvo de denúncias envolvendo as primeiras-damas. Para o Movimento, o blecaute justamente no horário em que o Fantástico estava sendo exibido pode não ser coincidência. Será? O MCCE – coordenador por Antônio Fernando dos Santos, o Fernando CPI – destaca que em caso de confirmação da informação, os dois gestores devem responder tanto civil quanto criminalmente.

Um caso difícil até de acreditar nos dias de hoje; mas, se há a suspeita, deve-se haver a investigação. Se houver culpados, que sejam punidos. Chama ainda atenção de quem acompanha o caso, a nota emitida pela Eletrobras Distribuição Alagoas. O Blog do Vilar a publica na íntegra, logo abaixo:

“A Eletrobras Distribuição Alagoas informa que a interrupção de energia em Limoeiro de Anadia, neste domingo (27), foi provocada por um ato de vandalismo. De acordo com o sistema de Operação da distribuidora, a ocorrência foi registrada às 20h09, sendo religada às 22h54. A empresa está tomando as providências junto à Polícia Civil para lavrar o Boletim de Ocorrência”.

Segue ainda: “Já nas cidades de Belo Monte, Lagoa da Canoa e Traipu, também houve registro na suspensão de fornecimento, mas, foram casos isolados não tendo o mesmo fator gerador: foram detectados problemas pontuais de cabo partido, chave-fusível, entre outros”.

Que o caso seja – portanto – devidamente apurado, já que os indícios apontados pelo MCCE são reforçados com a nota da Eletrobras, pelo menos na leitura preliminar dos acontecimentos. O blog tentou contato com os prefeitos. Não conseguiu. O espaço está aberto, caso desejem dar maiores esclarecimento sobre o assunto.

Vídeo: 'Primeiras-damas' da corrupção - Alagoas é destaque nacional

Alagoas voltou a ser destaque na mídia nacional devido a denúncias de corrupção. Ironicamente, a mídia descobriu as falcatruas das penas cidades do interior alagoano, mas ignorou o maior escândalo político do Estado, a prisão de dez deputados estaduais acusados do desvio de quase R$ 300 milhões. A operação Taturana, desencadeada pela PF, ainda flagrou o envolvimento de deputados federais e do prefeito na capital alagoana, mas não mereceu nenhuma matéria de destaque nacionalmente.

Na edição deste domingo, o programa Frantástico, da rede Globo, trouxe mais uma matéria na qual o estado é destaque. Desta vez, o foco foram as primeiras-damas envolvidas em esquemas de desvio de recursos públicos nas cidades de Traipu, Limoeiro de Anadia, Belo Monte e Lagoa da Canoa.
 Este ano, no Brasil, pelo menos outras nove primeiras-damas foram presas, quatro só em Alagoas. Fomos até lá.

Limoeiro de Anadia tem 26 mil habitantes e fica no agreste alagoano. O prefeito Marlan Ferreira e a primeira-dama, Eloísa Barbosa, são acusados de fazer compras particulares com dinheiro desviado da merenda. Em março, Eloísa chegou a ser presa. Agora, diante de nossa equipe, ela chora.
A primeira-dama, de 41 anos, é secretária de Assistência Social. Em um primeiro momento, não quer gravar entrevista, mas o marido – que disse à equipe de reportagem do Fantástico que só anda armado - acha que ela tem de falar. 
 

“É melhor falar isso: que você comprava as coisas da casa maternal”, recomenda Marlan Ferreira, prefeito de Limoeiro de Anadia.

“Eu não quero ser tachado como corrupto”, diz, depois, ao Fantástico.
Ela, então, dá entrevista e nega ter desviado dinheiro da merenda. “Se as outras prefeituras ou as outras pessoas faziam, aqui a gente não fazia. Minha conta pessoal tinha uma, e a prefeitura era outra. Sempre foi assim”, comenta a primeira-dama de Limoeiro de Anadia, Eloisa Barbosa.

Fomos a uma escola, na Zona Rural de Limoeiro de Anadia. Com 80 alunos, funciona há três meses na base do improviso, enquanto o Colégio Coronel Adauto Barbosa é reformado. O diretor da escola, João Batista Silva, diz que a merenda agora está chegando, mas...
Fantástico: Onde é feita a merenda?
João Batista Silva: Numa cozinha ali que a gente improvisou que é um quarto.
Fantástico: A gente percebe que não tem nenhuma pia, não tem nada.
Fomos à escola que está em reforma. Na quarta feira (16), dia útil, não tem ninguém trabalhando na reforma da escola. A prefeitura diz que a reforma será concluída em janeiro.

Além de Limoeiro de Anadia, a Procuradoria da República afirma que o dinheiro da merenda também foi usado em compras particulares pelas primeiras-damas de Traipu, Belo Monte e Lagoa da Canoa, todas em Alagoas.
“Faltava merenda vários dias. Dois, três dias por semana”, afirma o procurador da República José Godoy Bezerra de Souza.

Em um supermercado, as primeiras-damas gastavam o dinheiro da merenda. Compravam no supermercado e colocavam na conta. Depois, quem pagava era a prefeitura com dinheiro federal, com dinheiro da merenda. Em depoimento, o dono do supermercado confirmou o esquema. Ele não quis gravar entrevista.
“Este desvio acontecia tanto nas compras pessoais como em algumas cidades, um percentual era pago em dinheiro”, aponta o procurador da República José Godoy Bezerra de Souza.

Fomos também a Belo Monte, a 200 quilômetros de Maceió. Quando chegamos, parte do município de sete mil habitantes estava sem água. “Banho no rio, prato no rio, roupa no rio. Tudo no rio”, diz a dona de casa Maria Quitéria Balbino. 
 

Segundo o Ministério Público Federal, Mônica Tenório, 26 anos, primeira-dama de Belo Monte, embolsava R$ 5 mil por mês do dinheiro da merenda. Fomos à casa dela. Deixamos vários recados, mas ela não nos atendeu.



O Fantástico esteve também em Lagoa da Canoa, de 18 mil habitantes.
Segundo as investigações, Fabiana Lira, mulher do prefeito Jairzinho Lira, usou o dinheiro da merenda para comprar, além de comida e produtos de higiene pessoal, seis litros de uísque, 24 garrafas de vinho e até ração para cachorro. É a melhor ração para cachorro e a mais cara também. 
 

Fabiana, 28 anos, também é a secretária de Assistência Social de Lagoa da Canoa. Segundo uma funcionária, Fabiana só aparece uma vez por semana e trabalha poucas horas, mas recebe R$ 1,2 mil por mês.

Fantástico: A Fabiana está por aí?
Funcionário: Está não.
Fantástico: Quais dias ela vem?
Funcionário: Geralmente, ela vem assim... Dia de segunda.
Fantástico: Que horas, geralmente?
Funcionário: 14h.
Fantástico: E que horas ela vai embora?
Funcionário: Ela vai assim umas 16h ou 17h.

Fabiana, que também foi presa em março e agora responde em liberdade, é a dona de uma loja de roupas. Ao ver a equipe de reportagem do Fantástico, os funcionários fecharam a porta e se esconderam.
O prefeito e a primeira-dama de Lagoa da Canoa moram em Arapiraca. Logo que nós chegamos, todo mundo saiu correndo. Voltamos à Secretaria de Assistência Social de Lagoa da Canoa, que estava fechada com cadeado. A primeira-dama sumiu da cidade.

Fomos duas vezes à prefeitura. Depois de uma hora, um homem que se diz procurador do município, falou em nome do prefeito e da primeira-dama.
“A gente vai deixar bem claro: a gente grava com ele em qualquer lugar do Brasil”, disse o repórter. “Ele não vai gravar”, afirmou Francisco Ribeiro, representante do prefeito de Lagoa da Canoa.

Sobre o uso de dinheiro da merenda para comprar uísque, vinho e ração para cachorro, o representante do prefeito de Lagoa da Canoa respondeu: “Será provado que estes fatos não existiram e a completa inocência deles”.


Assista ao vídeo: http://youtu.be/wFE8izEptUE
Fonte: Fantástico

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Marcos Santos, prefeito de Traipu, é preso mais uma vez

O prefeito Marcos Santos se apresentou, hoje pela manhã, à Delegacia-Geral da Polícia Civil. Na última sexta-feira, a pedido do Ministério Público Estadual, o desembargador Sebastião Costa Filho decretou a prisão dele.

A decisão vinha sendo mantida sob sigilo, e a polícia tentou prendê-lo em Traipu no final de semana, mas ele conseguiu fugir mais uma vez. O pedido de prisão do prefeito foi feito com base em Ação Penal.

De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), Marcos Santos é acusado de montar empresas e criar programas sociais em Traipu, sendo tudo fachada para roubar dinheiro público. As informações foram repassadas à imprensa durante uma coletiva, na sede do órgão, e que contou com a presença do procurador-geral, Eduardo Tavares.

O chefe do MP em Alagoas confirmou que a prisão foi solicitada porque, apesar de Marcos Santos estar afastado do cargo no Executivo Municipal, continuava ordenando as ações de seus subordinados que permanecem em cargos públicos, na administração de Traipu.

“Ele trata o dinheiro público como se fosse dele. É bom deixar bem claro que o Ministério Público trabalha de forma apartidária e que não existe essa história de que a denúncia tem conotação política. A denúncia foi feita pelo órgão porque existem provas robustas de que o prefeito praticou todos os crimes relacionados”, explicou Tavares.

Mas parece que as investigações sob Marcos Santos vão além de desvios de dinheiro. Segundo Eduardo Tavares, existem fortes indicativos de que o prefeito de Traipu tenha envolvimento com crimes no município, porém tudo segue sob investigação da polícia e do MP

A apresentação do prefeito à PC foi negociada por um representante dele, ontem à noite. Pelo acordo, a prisão só seria anunciada após a transferência dele para a Casa de Custódia – onde ele já se encontra.

A denúncia do MP

A denúncia apresentada pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares Mendes, elaborada em conjunto com um grupo de promotores que trabalharam exaustivamente na Ação Penal, acusa o prefeito dos seguintes crimes:

- Falsificação de documentos públicos

- Uso de documentos falsos em várias ações da prefeitura de Traipu

- Peculato (desvio de dinheiro público para favorecimento pessoal)

- Corrupção ativa

- Apropriação de bens e de rendas públicas

- Utilização indevida de dinheiro do município

- Fraudes em várias licitações

- Formação de quadrilha

Outros denunciados

Como deixa claro o último item da denúncia, outras pessoas foram denunciadas na mesma Ação Penal por terem participação direta nos crimes acima, segundo o MP.

São elas:

-Clériston Luiz Barbosa Santos (associado ao prefeito)

-Juliana Kummer (mulher do prefeito)

- Gilson dos Santos (Comissão de Licitação da Prefeituras)

- Marta Gabriela Vasconcelos (pregoeira do município)

-Sheila Andréia dos Santos (Comissão de Licitação)

- Roberto Olindino Matos Júnior (secretário de Finanças)

- Francisco Carlos de Albuquerque Santos (ex-secretário municipal)

- Alessandro Guimarães, o “Sandro Rico” (empresário)

- Roque dos Santos (servidor municipal)

- Fabiano Henrique da Silva Melo (advogado)

- Ana Paula Calheiros Costa (empresária)

- Alex Calheiros da Silva (empresário)

- José Elias Calheiros de Melo (empresário)

- Antônio Carlos Nogueira (empresário)

- Maurício Carlos Nogueira (empresário)

Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual ao Tribunal de Justiça, todos integravam o esquema de desvio de dinheiro da Prefeitura de Traipu.

O “novo” rombo

O desvio deve chegar a R$ 8 milhões de recursos do Funda de Participação do Município. Ou seja: não diz respeito, neste caso, ao desvio do Fundeb, recursos do Ministério da Educação, alvo de outra Ação – por parte do Ministério Público Federal.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Marcos Santos faz recadastramento no TC

O prefeito de Traipu, ex-foragido da Justiça e afastado do cargo até meados do próximo ano (salvo um novo benefício da Justiça Federal), atualizou o seu cadastro no Tribunal de Contas do Estado, na sexta-feira(18/NOV/2011).

O recadastramento para os demais servidores da ativa do TC terminou na segunda-feira passada. Ele, entretanto, pela condição excepcional (e bote excepcional nisso), se apresentou hoje pela manhã no palácio de vidro da Fernandes Lima.

Logo cedo, chegouem sua Hilux, estacionou na porta do prédio do Tribunal, entrou e se recadastrou.

Como já foi revelado aqui, Marcos Santos é servidor da corte de contas do Estado e ganhou até uma promoção em primeiro de novembro de 2009, concedida pelo então presidente do Tribunal, conselheiro Isnaldo Bulhões.

O prefeito, também é sabido, é Analista de Contas do TC, graças à promoção recebida após passar dez meses preso no Baldomero Cavalcante – acusado de corrupção e de tramar a morte de um procurador da República e de um juiz federal.

Relator amigo

O conselheiro Isnaldo Bulhões, aliás, é o relator das contas da prefeitura de Traipu nos anos de 2009 e 2010. E assim continua sendo – mesmo após os últimos episódios.

Lembrando: Marcos Santos apoiou, no ano passado, o deputado estadual Isnaldo Bulhões Junior, reeleito deputado estadual.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Desembargador que "livrou" Marcos Santos é acusado de assassinato de radialista

com informações do Conjur

O desembargador federal José Maria de Oliveira Lucena, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região,que na última quinta-feira (10/NOV/2011) concedeu o habeas corpus ao prefeito afastado de Traipu, Marcos Antônio dos Santos, e da primeira-dama e ex-secretária de Assistência Social do município, Juliana Kummer, e outros seis acusados na Operação Tabanga, tem sido cercado por uma polêmica.

O desembargador foi denunciado ao Superior Tribunal de Justiça pelo assassinato do radialista Nicanor Linhares Batista, na cidade de Limoeiro do Norte (CE). A denúncia é apresentada quase cinco anos depois da morte de Batista. O crime aconteceu em junho de 2003.

A mulher do desembargador e ex-prefeita de Limoeiro do Norte, Maria Arivan de Holanda Lucena, também é acusada pela morte do radialista. Ela aguarda decisão da Corte Especial do STJ para saber se vai ser julgada por júri popular ou se também tem direito ao foro especial de seu marido por ser acusada pelo mesmo crime. Enquanto isso, o processo contra ela, que estava na 1ª Vara de Limoeiro do Norte, está suspenso. E o tempo de prescrição, correndo.

Denúncia foi feita por procuradora da república

A denúncia contra o desembargador foi apresentada pela procuradora da República Cláudia Sampaio Marques no dia 10 de março — o que interrompe a contagem do prazo de prescrição. A procuradora afirma que a demora em denunciá-lo não foi culpa sua, mas não quis revelar os motivos da lentidão.

Nicanor Linhares Batista era proprietário da rádio Vale do Jaguaribe, em Limoeiro do Norte, e principal adversário da então prefeita Maria Arivan. No seu programa diário, o Encontro Político, não poupava críticas à administração local e fazia diversas acusações de corrupção. Em 30 de junho de 2003, enquanto gravava o programa, a rádio foi invadida por duas pessoas, que atiraram diversas vezes em Linhares Batista e fugiram. Ele recebia freqüentes ameaças de morte. O assassinato do jornalista causou comoção.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) se manifestou sobre o crime e cobrou punição dos culpados. A ONG internacional Repórteres sem Fronteiras enviou carta ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrando esforços na apuração do crime.

Foram apontados nove acusados pelo assassinato. Entre eles, a então prefeita e o desembargador Lucena. Os outros sete acusados foram pronunciados em 2006 pela juíza Luciana Teixeira de Souza, da 1ª Vara de Limoeiro do Norte, mas nenhum foi julgado: um deles morreu, um está foragido, o processo de dois já foi desaforado para Fortaleza e o dos outros três aguarda o mesmo destino.

Para a juíza, o desaforamento para que o júri aconteça em Fortaleza é bom, pois afasta o caso das intrigas políticas que rondam Limoeiro do Norte.

O desembargador e a ex-prefeita não foram pronunciados porque seus processos ainda aguardam desfecho no STJ. A juíza Luciana recebeu a denúncia contra Maria Arivan. Em maio de 2004, no entanto, já havia sido aberto inquérito no STJ para apurar a participação do desembargador Lucena no homicídio. Neste inquérito, o então relator, ministro Paulo Gallotti, determinou quebra do sigilo bancário e telefônico do desembargador e também da ex-prefeita. A defesa dela, então, apresentou uma Reclamação ao STJ dizendo que estava havendo dupla atuação da Justiça Criminal.

Sobre a decisão que soltou Marcos Santos

De acordo com o desembargador, a prisão preventiva foi decretada no declarado propósito de garantir a ordem pública, ameaçada pelo cometimento de novos crimes pelo grupo, que continuaria em plena atividade, isto gerando um "lamentável clima de instabilidade social" no Município de Traipu, onde disseminado um sentimento de impunidade entre os munícipes e também no confessado intuito de eliminar o grave risco à instrução criminal, representado pelas "ameaças e intimidações" à "testemunha" Roque dos Santos, ora "sob proteção federal", incluído no PROVITA, e pela destruição e adulteração de documentos na calada da noite, quando o grupo, para essa finalidade, executa os denominados "trabalhos noturnos".

José Maria de Lucena considera os fundamentos irreais e que revelam uma prisão preventiva utilizada indevidamente como mera antecipação de uma condenação penal, pela Desembargadora substituta Cintia Menezes Brunetta “numa evidente demonstração de não ter certeza da realidade dos motivos exibidos pelo Ministério Público, consignou, naquele decreto, que "quinze dias após a efetivação das prisões, será sua pertinência reavaliada no caso de ainda não ter sido oferecida denúncia".

Ao reavaliar a decisão da substituta, o desembargador acredita que a ordem pública não está ameaçada pela perpetração dos mesmos crimes, pois o Prefeito e a Secretária Municipal de Assistência Social, que comandariam a associação criminosa, estão afastados de seus cargos, sendo inteiramente impossível o cometimento dos mesmos delitos, ficando de todo sem sentido e esvaziados os chamados "trabalhos noturnos", até porque as buscas e apreensões decretadas e já eficazmente executadas tiraram do alcance do grupo todos os documentos públicos municipais que poderiam ser destruídos ou adulterados.

Sobre as alegadas intimidações e ameaças ao corréu, tido por "testemunha", Roque dos Santos, - se é que realmente aconteceram - são agora impossíveis de se repetirem, porque este se encontra atualmente sob a proteção do PROVITA, a ele não tendo acesso qualquer dos corréus.

Outros acusados

A decisão prossegue ainda a Francisco Carlos de Albuquerque dos Santos, Robson Nascimento de Farias, Charles Douglas Amaro Costa, Ricardo Martins Ribeiro, Osmar Bandeira de Melo Neto e Isaías Andrade da Fonseca.

Para isto, ainda de acordo com o desembargador, deverão, os que se furtaram à prisão, apresentar-se à autoridade policial federal em Maceió, para prestar declarações, em quarenta e oito (48) horas; todos deverão atender prontamente a quaisquer convocações da autoridade policial federal; para informar e justificar suas atividades, deverão Marcos Antônio dos Santos, Juliana Kummer Freitas dos Santos e Osmar Bandeira de Melo Neto, comparecer mensalmente perante o Juízo Federal das Execuções Penais de Maceió; e os demais, à exceção de Ricardo Martins Ribeiro, perante o Juízo Estadual de Traipu. Já Ricardo Martins Ribeiro deverá se apresentar ao Juízo Estadual competente de Penedo.

Sem autorização dos mesmos Juízos, não poderão ausentar-se do local de suas residências por mais de três (3) dias; expedir-se-ão carta de ordem e cartas precatórias, comunicando a presente delegação àqueles Juízos; todos ficam proibidos de manter qualquer contato com Roque dos Santos ou com sua esposa, se por acaso aquele desistir da proteção do PROVITA; todos ficam proibidos de acesso e freqüência à sede da Prefeitura Municipal de Traipu e de suas Secretarias e repartições.

Caso do desembargador está com ministro do STJ que é do mesmo Estado

A Reclamação passou pelas mãos do ministro Paulo Gallotti, que deixou a Corte Especial tempo depois, e pelas mãos do ministro Menezes Direito, que deixou o STJ para ingressar no Supremo Tribunal Federal, e foi parar com o ministro, também cearense, Hamilton Carvalhido, que se tornou também relator do Inquérito contra o desembargador Lucena.

No dia 30 de março de 2006, o ministro Carvalhido reconheceu que havia duas investigações pelo mesmo fato contra a ex-prefeita e suspendeu o processo até que a Corte Especial do STJ decida se ela tem de ser julgada pelo júri popular ou se herda do marido o direito ao foro especial. Depois, votou para que Maria Aivan seja julgada pelo júri popular, já que o foro na Corte Especial do STJ vale apenas para o desembargador, seu marido.

O ministro apontou a incoerência do Ministério Público: enquanto o Ministério Público Estadual já havia apresentado a denúncia considerando que havia indícios suficientes do crime e de sua autoria, o Ministério Público Federal ainda estava pedindo diligências para juntar as provas necessárias antes de denunciar a ex-prefeita e seu marido.

Na Corte Especial do STJ, o processo tem sucessivos pedidos de vista. Desde março de 2007, quando o ministro Hamilton Carvalhido levou a Reclamação de Maria Aivan para julgamento, quatro ministros já pediram vistas dos autos: Nancy Andrighi, no dia 7 de março de 2007; Peçanha Martins, em 20 de junho de 2007; José Delgado, em 15 de agosto de 2007; e Fernando Gonçalves, em 5 de março desse ano.

13 dos 14 ministros já votaram

Dos 14 ministros que já votaram, 13 entenderam que a competência para julgar a ex-prefeita é do Tribunal do Júri, e não do STJ. Eles votaram pela anulação do recebimento da denúncia, ou seja, para que novo processo contra ela comece. Há um voto apenas pela competência do STJ para julgar Maria Aivan.

. Segundo um assessor responsável por elaborar o voto de um dos ministros, o julgamento está demorando e tem sido interrompido por tantos pedidos de vista devido à complexidade do caso. Ele conta que, nos quatro anos que está no tribunal, nunca viu a Corte Especial ter de julgar foro privilegiado para acusado de homicídio. “Não é um processo comum”, diz o assessor.

Ele explica que a complexidade do caso está justamente no fato de a ex-prefeita ter uma denúncia contra ela na primeira instância e também ser considerada investigada em inquérito que tramita no STJ. Além disso, aponta a incoerência do MP Estadual e Federal: o primeiro entende que há provas e denuncia a ex-prefeita, enquanto o outro ainda solicita diligências.

Rebate também as suspeitas levantadas por ONGs de que há um conluio para proteger o desembargador e sua mulher e deixar o caso prescrever: “nunca vi isso. Esse processo não para nunca. Está sempre andando no STJ”.

fonte: http://cadaminuto.com.br/noticia/2011/11/15/desembargador-que-livrou-marcos-santos-e-acusado-de-assassinato-de-radialista

Tabamga: TRF revoga prisão de prefeito de Traipu e envolvidos

Marcos Santos, prefeito de Traipu
O desembargador José Maria Lucena do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) concedeu habeas corpus ao prefeito do município de Traipu, Marcos Santos, à primeira-dama, Juliana Kummer e os outros seis acusados de participação no esquema criminoso desbaratado pela Polícia Federal durante a Operação Tabanga no dia 20 de setembro.

O grupo, liderado pelo prefeito - afastado de suas funções - é acusado de envolvimento em crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato, prevaricação, fraudes, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa.

O desembargador federal José Maria Oliveira de Lucena seguiu o entendimento da defesa dos acusados que alega não haver fundamentos legais para sustentar a prisão preventiva, em razão do encerramento do prazo de 15 dias, estabelecido no decreto prisional, aliado ao fato de não ter sido oferecida denúncia.

Em sua decisão, o desembargador destaca que não há razão para a manutenção das prisões, já que os 'cabeças' do esquema criminoso - prefeito e a secretária de assistência social - foram afastados dos cargos e não poderão cometer novos crimes.

Segundo decisão, o prefeito e a primeira-dama, além de Francisco Carlos de Albuquerque dos Santos (ex-secretário de Administração), Robson Nascimento de Farias (secretário municipal de Saúde e Educação), Charles Douglas Amaro Costa, Ricardo Martins Ribeiro e Osmar Bandeira de Melo Neto deverão apresentar-se, no prazo de 48 horas, à sede da Polícia Federal (PF), situada em Jaraguá, para prestar esclarecimentos, além de comparecerem, mensalmente, perante a Justiça de Traipu, com exceção de Ricardo Ribeiro, que deverá apresentar-se à Justiça de Penedo.

O prefeito e a primeira-dama ainda se encontram foragidos.

TABANGA

A operação Tabanga foi deflagrada no dia 20 de setembro, pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), em ação conjunta com o Ministério Público Estadual (MPE), a Controladoria Geral da União (CGU), a Polícia Civil (PC), a Força Nacional (FN) e a Polícia Militar (PM), para desarticular um esquema desvio de recursos federais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE).

Durante a Operação, quatro pessoas foram presas e pelo menos mais quatro estão foragidas, entre elas o prefeito de Traipu, Marcos Santos. Eles são acusados de um desvio de mais de R$ 8 milhões em recursos federais destinados a área de educação do município, entre outubro de 2007 e 2011.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Vídeo: Em apenas 5 anos, mais de 800 políticos de Alagoas são acusados de corrupção

Matéria publicada pelo Fantástico e pelo Bom Dia Brasil, da TV Globo, revelou que 800 políticos alagoanos responderam ou ainda respondem por acusações de corrupção nos últimos cinco anos em Alagoas. Os dados são confirmados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e são comprovados, segundo a matéria, pela quantidade de operações policiais deflagradas no estado.

O vídeo mostra a Operação Tabanga, desencadeada em setembro passado, no município de Traipu, de onde teriam sido desviados cerca de R$ 8 milhões, montante que seria destinado a investimentos na Educação. A operação se soma a outras ações contra supostos esquemas fraudulentos que aumentam, conforme a reportagem, o montante de políticos denunciados por corrupção.

Somente em 2011, esta foi a segunda grande operação que teve como objetivo combater ‘verdadeira dilapidação do patrimônio público’, como atestou o próprio Ministério Público Estadual. No caso mais recente, o dono de uma academia de luxo em Maceió, Sérgio Temóteo Gomes de Barros, além de dois diretores do Tribunal de Contas de Alagoas, Devis Portela Filho e José Barbosa Pereira, foram presos acusados de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro.

Segundo a Polícia Federal, os acusados sonegavam informações relativas à declaração de imposto de renda de servidores do TCE. Nos últimos sete anos, eles utilizaram ‘laranjas’ e empresas ‘de fachada’ para, com o dinheiro desviado, realizar investimentos que acabaram por chamar a atenção da polícia, em virtude da discrepância entre o vencimento dos acusados e o valor do negócio.

Quando de entrevista coletiva na sede da superintendência da Polícia Federal, o delegado Antônio Miguel afirmou que algumas das empresas possuíam apenas uma salinha e um computador, lembrando que a polícia investiga se a academia ‘Top’ – de propriedade de um dos acusados – é de fato capaz de se autossustentar.

Numa propriedade rural situada no município de Atalaia, a polícia apreendeu 102 cavalos, sendo 42 de raça, além de 50 pássaros da fauna silvestre, cujos 'proprietários' não detinham autorização do Ibama. Também foram apreendidas duas armas de fogo, sendo uma de uso restrito das Forças Armadas.

Sobre o batismo da operação "Rodoleiro", que faz menção a um carrapato que se aloja na pata de cavalos, podendo deixá-lo febril, o superintendente Amaro Vieira disse que Alagoas, ‘devido ao desvio de recursos públicos, encontra-se doente’, lembrando ainda que o esquema teria rendido cerca de R$ 100 milhões aos acusados.

Taturana, Gabiru...

E no rol das operações que ganharam notoriedade em Alagoas, a Taturana está entre a maior delas. Desencadeada em 2008, a ação teve como objetivo desbaratar organização criminosa acusada de desvio de mais de R$ 300 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa de Alagoas. Deputados estaduais acusados de envolvimento chegaram a ser afastados por decisão da Justiça, retomando o mandato eletivo meses depois. Mês passado, a 18ª Vara Cível da Capital determinou a indisponibilidade dos bens móveis e imóveis, aplicações financeiras, semoventes (animais de rebanho, como ovinos e suínos) e lucros agropecuários de 17 pessoas denunciadas por improbidade administrativa pelo Ministério Público Estadual.

Na ação, o MPE sustentou que os atos praticados pelos acusados implicaram em enriquecimento ilícito, com apropriação de recursos do erário estadual através da obtenção de empréstimos pessoais junto ao Banco Rural, posteriormente pagos com recursos da própria Assembleia.

Com isso, tiveram os bens bloqueados os ex-deputados estaduais Celso Luiz Tenório Brandão, Arthur Cesar Pereira de Lira, Cícero Amélio da Silva, Edwilson Fábio de Melo Barros (Dudu Albuquerque), Cosme Alves Cordeiro (Alves Correia), Paulo Fernando dos Santos (Paulão), Gervásio Raimundo dos Santos, Gilberto Gonçalves da Silva, José Adalberto Cavalcante Silva, Maria José Preira Viana e José Cícero Soares de Almeida.

Além destes, também foram alcançados pela decisão os atuais deputados Isnaldo Bulhões Barros Júnior, Cícero Paes Ferro, João Beltrão Siqueira, Manoel Gomes de Barros Filho (Nelito) e Antônio Ribeiro de Albuquerque, além do prefeito de Roteiro, Fábio César Jatobá.

Já em outra operação, a ‘Gabiru’, a Polícia Federal cumpriu, em 2005, 31 mandados de prisão temporária e 61 de busca e apreensão em vários municípios alagoanos. Três anos depois, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região acatou denúncia contra os oito prefeitos acusados de envolvimento em esquema de desvio de quase R$ 2 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb).

Com isso, responderão à ação penal os prefeitos Neiwton Silva (Igreja Nova), Cícero Cavalcante (São Luiz do Quitunde), Carlos Eurico Leão (Porto Calvo), Fábio Lira (Feira Grande) e José Hermes (Canapi), além dos ex-prefeitos Paulo Roberto Pereira (São José da Laje), Marcos Paulo (que renunciou à Prefeitura de Matriz do Camaragibe) e Danilo Dâmaso (Marechal Deodoro).

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Assista ao vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=UvQ7FDDxgu0&feature=player_embedded

Confira fotos do acusados: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.104823102965656.7016.100003138992399&type=3

Fonte: Gazeta web, 07/11/2011